AFP
Testemunhos
Há mais de 40 anos que exerço a
profissão de Farmacêutica. Em quatro décadas, muito mudou no País e muito se
evoluiu, felizmente, na prestação de cuidados de saúde à população.
Olhando para indicadores como a
esperança média de vida, a taxa de mortalidade infantil ou mesmo para o número
de doenças que foram eliminadas (ou que estão controladas) graças à vacinação,
não há dúvidas de que a saúde dos portugueses foi alvo de grandes e
assinaláveis progressos. Para essa melhoria generalizada na prestação de
cuidados de saúde contribuiu também o trabalho e a atividade dos Farmacêuticos,
que todos os dias acompanham milhares de cidadãos.
Sou Farmacêutica de profissão e
por vocação e sou também presidente da Associação de Farmácias de Portugal –
entidade que representa perto de 160 Farmácias Comunitárias de todo o país.
Esta abrangência territorial e esta proximidade que tenho em relação às
preocupações vividas pelas Farmácias Comunitárias do Norte ao Sul do País, do
Litoral ao Interior, reforçam a minha convicção de que os Farmacêuticos têm um
papel cada vez mais crucial na prevenção de doenças e na promoção da saúde dos
portugueses.
As Farmácias Comunitárias chegam
onde muitas vezes o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não chega. Esta é uma
realidade que ocorre sobretudo nas zonas do interior do País, onde as
populações têm de percorrer dezenas de quilómetros para chegar a um Centro de
Saúde ou a um Hospital. Por essa razão, nós, os Farmacêuticos, somos muitas
vezes o primeiro e último contacto dos cidadãos com o SNS.
É verdade que as Farmácias são as
naturais fornecedoras de medicamentos. Mas resumir o papel e a missão das
Farmácias a esta função é uma visão redutora que não faz justiça ao papel
crucial que os Farmacêuticos desempenham na promoção na saúde das populações.
Hoje, as Farmácias prestam um conjunto alargado de serviços, onde se incluem o
aconselhamento prestado aos utentes; a preparação individualizada de
medicamentos; a administração de vacinas; as consultas de acompanhamento de
doenças crónicas (ex: Diabetes), a disponibilização de rastreios e de testes
bioquímicos, entre muitos outros.
Todos os dias as Farmácias e os
Farmacêuticos acompanham os cidadãos, evitando muitas deslocações
desnecessárias aos hospitais e prevenindo o aparecimento ou o desenvolvimento
de patologias que comportariam custos elevados para o Estado.
Esta abrangência de serviços
(associada ao facto de as Farmácias terem uma elevada cobertura geográfica e
uma grande proximidade junto das populações) faz com que as Farmácias tenham um
papel decisivo no descongestionamento do SNS, contribuindo para a obtenção de
poupanças significativas de meios técnicos, financeiros e humanos do SNS.
Numa altura em que se torna
evidente que o Estado, sozinho, não tem todos os recursos financeiros, humanos
e técnicos necessários para atender a todas as necessidades de saúde de toda a
população, as Farmácias Comunitárias e os Farmacêuticos emergem como parceiros
fundamentais do Estado para garantir a saúde dos portugueses.
É certo que são muitos os
desafios que se colocam às Farmácias e aos Farmacêuticos, mas acredito também
que o futuro passará por uma maior valorização do papel desempenhado pelos
Farmacêuticos na promoção da saúde dos portugueses.