APIFARMA
Testemunhos
É um privilégio partilhar com os estudantes
a minha experiência e o meu testemunho como farmacêutica com mais de 30 anos de
experiência profissional sobretudo na Indústria Farmacêutica. Iniciei o meu percurso
académico na Faculdade de Farmácia na Universidade de Lisboa e, desde logo, surgiu
o meu interesse pelo movimento associativo, tendo integrado a Associação de Estudantes
da FFUL.
Esta experiência permitiu‐me ab
initio um contacto mais de perto com as questões relacionadas com o papel do
farmacêutico e da política de saúde e do medicamento em Portugal. Após 3 anos iniciais
de exercício como farmacêutica hospitalar, seguiram‐se experiências profissionais
importantes que marcaram o meu percurso profissional ligado à Indústria Farmacêutica,
como Product Manager, promovida a Group Product Manager, e mais tarde
ligada à área Regulamentar, Institucional e de Direção Técnica. Desde 2003 que assumo
a Direção dos Assuntos Técnicos na APIFARMA ‐ Associação Portuguesa da Indústria
Farmacêutica ‐ assegurando as funções de coordenação das várias áreas de intervenção
do departamento em todas as matérias de natureza técnico‐científicas (regulamentar,
farmacêutica, avaliação de tecnologias de saúde, inovação e desenvolvimento, acesso,
financiamento, exportação e internacionalização, etc). Estas e outras matérias
integram o core business da atividade da APIFARMA, na defesa do interesse dos associados
que, por sua vez, tem como missão responder às necessidades terapêuticas dos Doentes.
A evolução do movimento associativo
na área da indústria farmacêutica torna este lugar um desafio constante no sentido
de dar resposta a uma conjuntura política em permanente transformação e renovação. Apesar dos desafios, o contributo decisivo que
a Indústria Farmacêutica tem assumido para o desenvolvimento e o progresso das sociedades,
engrandece o significado do meu percurso enquanto farmacêutica ligada a este sector.
O futuro? Para a Indústria, e especialmente para os farmacêuticos da Indústria,
exige‐se um esforço de adequação e formação permanentes, uma necessidade de aumentar
a flexibilidade para assumir novas funções e o desenvolvimento de uma maior resiliência
e agilidade à mudança, fomentando novos ecossistemas de inovação.
Os principais desafios que estes profissionais
terão de enfrentar nos próximos anos são, parecem estar mais ligados às seguintes
áreas:
·
Condições de acesso ao mercado mais exigentes. A pressão para baixar a despesa pública irá continuar,
conforme vem sendo refletido nos vários Orçamentos para a Saúde.
·
Encontrar mecanismos de acesso do medicamento ao
mercado compatíveis com a sustentabilidade orçamental, garantindo o tecido empresarial,
respondendo ao interesse e necessidade dos cidadãos.
·
Manter a competitividade das empresas a operar no
mercado nacional face a outros mercados. Na medida em que, tal como Portugal, muitos
países adotam hoje, por sistemas de referenciação internacional, a questão das exportações
paralelas dentro da União Europeia exige uma vigilância importantes.
·
Para a indústria de base produtiva nacional o desafio
passa por investir mais em inovação e desenvolvimento, bem como na internacionalização
e exportação para novos mercados.
·
Operar num quadro em constante mudança do sector
dificulta a previsibilidade. As dívidas à
Indústria Farmacêutica por parte dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, os
acordos globais de contenção de despesa, as constantes alterações legislativas no
campo do medicamento, são fatores de incerteza e acarretam dificuldades acrescidas
a quem opera neste sector.
Para terminar, dirigido as minhas
últimas palavras aos jovens farmacêuticos, reforçando que continuam a ter lugar
na Indústria Farmacêutica, um sector que inova e se renova constantemente. O principal desafio será a perseverança e estar
disponível para abraçar um mundo mais global dentro e fora de Portugal.