FARMÁCIA HOSPITALAR
Testemunhos
O meu nome é Francisco Sá e sou
Farmacêutico Hospitalar. Desde que acabei o Mestrado Integrado em Ciências
Farmacêuticas, na FFULisboa, que trabalho no Hospital CUF Infante Santo. Ao
longo destes anos passei por várias áreas da farmácia hospitalar.
Neste momento, sou o Farmacêutico
Clínico responsável por um serviço de internamento de cardiologia e medicina,
pelos pedidos de AUE (Autorização de Utilização Excecional) e pelos ensaios
clínicos, cumulativamente com as atividades de apoio clínico a outros pequenos
serviços de âmbito ambulatório bem como ao serviço de Oncologia. Neste último,
trabalhamos lado a lado com médicos e enfermeiros no tratamento do doente
oncológico. Participamos no processo desde o diagnóstico, validando protocolos
terapêuticos, acompanhando a administração dos tratamentos e esclarecendo os
doentes sobre a sua medicação, fazendo a dispensa para ambulatório e o
seguimento de farmacovigilância.
Durante alguns anos uma área de
difícil acesso aos recém-farmacêuticos, a Farmácia Hospitalar começa nos nossos
dias a renovar-se e, com isso, surge a oportunidade de desenvolver projetos
clínicos muito interessantes num ambiente que se quer multidisciplinar,
envolvendo os vários profissionais de saúde que trabalham num hospital, de
forma a garantir a prestação dos melhores cuidados ao doente.
Dinamismo; interesse e vontade de
manter uma formação contínua que acompanhe a evolução científica e permita
aplicar os conhecimentos adquiridos em prol do doente; capacidade de trabalho
em equipa e diálogo interdisciplinar, são, entre outras, características-chave
de um Farmacêutico Hospitalar. Estamos, finalmente, numa era em que acredito
que assistiremos a uma mudança de paradigma em relação ao Farmacêutico
Hospitalar.
O Farmacêutico de ser o
responsável pela correta aquisição, gestão e dispensa logística dos
medicamentos, a que muitas vezes nos limitávamos, e passará a ser
verdadeiramente o Especialista do Medicamento, em todo o seu circuito, que traz
aportes valiosíssimos à atividade clínica de um Hospital.
Saindo de portas dos Serviços
Farmacêuticos e trabalhando diariamente, lado a lado com os restantes
profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e auxiliares de Ação médica), o
Farmacêutico consegue e conseguirá provar a sua mais-valia no dia-a-dia de um
Hospital e na garantia da segurança dos doentes, através de uma utilização
segura e eficaz dos medicamentos. Claro que existem e continuarão a existir
tarefas do circuito logístico que nos competem e são indispensáveis para a atividade
clínica mas acredito que, na senda do que já vemos em países mais maduros nesta
área, tal como os Estados Unidos da América e o Reino Unido, o farmacêutico tem
todo o espaço para num hospital, em ambiente multidisciplinar, caso assim
queira, desempenhar um papel-chave na prestação de cuidados de saúde aos
doentes.
Este é um caminho que estamos a
construir e que precisa muito da experiência dos que nos precederam e do
entusiasmo dos que, como eu, agora começam, mas tenho a esperança que
conseguiremos, em breve e com a ajuda de todos, contribuir para garantir o
melhor para os nossos doentes e dignificar a nossa profissão.