ADIFA
Testemunhos
Concluí a minha licenciatura na
Faculdade Farmácia da Universidade de Lisboa em 2000 e ingressei de imediato na
ANF, no Departamento de Apoio ao Associado. Esta experiência profissional, para
além de uma formação de base excecional, permitiu-me conhecer a realidade de
dezenas de farmácias e farmacêuticos comunitários em todo o território,
compreendendo as suas diferentes realidades. Posteriormente, surgiu a
possibilidade de me tornar proprietário de farmácia, desafio que abracei, continuando
ligado à ANF através da estrutura associativa de proximidade.
Em 2003, surgiu o convite para
ingressar a Direção da União dos Farmacêuticos (em processo de fusão com a
Codifar, que originou a Udifar), iniciando-se, assim, a minha ligação ao setor
da Distribuição Farmacêutica. Foi nesse contexto que, através do contacto com
os colegas que lideraram os destinos da Cooperativa nas últimas décadas,
percebi e interiorizei o interesse estratégico e a necessidade de uma ligação
próxima entre a Farmácia Comunitária e o setor da Distribuição Farmacêutica.
Na sua génese, o envolvimento de
colegas na criação da primeira Cooperativa de Distribuição em 1935 (União dos
Farmacêuticos), visava responder ao abastecimento de todo o território em
condições de equidade e qualidade. Com o decorrer dos anos, ultrapassado o
desafio primário da distribuição logística a nível nacional, o interesse
estratégico passou também a ser direcionado para a defesa da economia e
sustentabilidade da farmácia comunitária.
O farmacêutico no setor da
Distribuição tem assumido um papel essencial, através da Direção Técnica,
posição em que reúne um conjunto alargado de responsabilidades técnicas,
regulamentares e de qualidade. Porém, nos últimos anos, com o desenvolvimento
do setor, temos assistido a uma diversificação do seu papel abrangendo outras
áreas, nomeadamente a nível comercial, relação com a indústria farmacêutica,
qualidade, gestão e administração.
Mantendo o meu percurso enquanto
farmacêutico comunitário, a minha intervenção no setor da Distribuição foi
sobretudo participando nas estruturas associativas. Em 2013 na Divisão
Farmacêutica da Groquifar e na Ordem dos Farmacêuticos, e posteriormente, em
2017, enquanto membro fundador (em representação da Udifar) e Presidente da
ADIFA - Associação de Distribuidores Farmacêuticos.
A constituição da ADIFA foi, sem
dúvida, um importante momento de afirmação e reconhecimento do setor da
Distribuição Farmacêutica, aumentando a sua visibilidade e a capacidade de
intervenção dos Distribuidores Farmacêuticos de Serviço Completo.
Entre 2010 e 2014, Portugal
atravessou a maior crise económica e financeira das últimas décadas, e estes
anos foram um duro teste à capacidade das farmácias e distribuidores, com um
forte ajustamento do valor económico do mercado, por via da redução
administrativa de preços e margens dos medicamentos.
Os desafios que se colocam hoje
em dia continuarão a exigir a capacidade técnica, inovação, flexibilidade, e
determinação dos farmacêuticos. É essencial que as Farmácias e a Distribuição
possam disponibilizar mais medicamentos, de novas áreas terapêuticas,
assegurando a proximidade e coesão territorial. É fundamental que se inverta a
tendência crescente da escassez de medicamentos a nível mundial e em particular
em Portugal. Os valores éticos, deontológicos e de serviço de interesse
público, têm de se sobrepor a questões políticas ou macroeconómicas. O acesso
ao medicamento é um direito fundamental, que nós farmacêuticos temos o dever e
a responsabilidade de assegurar.
Concluo este testemunho pessoal, na expetativa de sensibilizar e motivar outros colegas para uma participação e colaboração no futuro dos farmacêuticos e na nossa missão social. Considero fundamental a aprendizagem e formação contínua ao longo da nossa vida profissional, o envolvimento nas estruturas associativas setoriais e da comunidade, mantendo o espírito e ambição, para todos os dias nos questionarmos e repensarmos o nosso papel na evolução do setor e da sociedade.