REFlexus (REF): Como perspetiva a figura do Farmacêutico na investigação?
Ana Paula Duarte (APD): Um Farmacêutico numa carreira de investigação tem a possibilidade de trabalhar na vanguarda das Ciências Farmacêuticas, promovendo ligações internacionais e, seguramente, tem a possibilidade de fazer a diferença para a sociedade. Em qualquer área de investigação, dentro das Ciências Farmacêuticas, o Farmacêutico traz a mais-valia do conhecimento e da compreensão do doente.
REF: Enquanto Farmacêutica, como se sente a liderar um Centro de Investigação?
APD: Quando penso em mim, no meu papel de coordenadora do Centro de Investigação, e particularmente de um centro multidisciplinar na área das Ciências da Saúde, normalmente não associo ao facto de ser Farmacêutica. No entanto, sinto que esse aspeto está presente quando penso nas estratégias de investigação do Centro. Por outro lado, enquanto Farmacêutica, sempre que possível, tento mostrar a importância da investigação, por exemplo na formação dos Farmacêuticos.
REF: Em que áreas tem trabalhado o CICS-UBI?
APD: A minha área de investigação são as propriedades bioativas dos extratos de plantas em geral, e os compostos fenólicos e atividade antioxidante em particular, mas a área em que trabalho mais nos últimos quase três anos é mesmo a gestão e a coordenação, não sobrando tempo para muito mais…
REF: Quais os desafios futuros para a investigação em Portugal? Que obstáculos encontram os investigadores?
APD: Os principais desafios para a investigação em Portugal são o aumento do investimento, tanto público como privado, na investigação científica, bem como um maior estabelecimento de redes entre empresas e instituições públicas de investigação. Em Portugal existem excelentes investigadores que têm possibilitado a afirmação de Portugal como um país com uma palavra a dizer na investigação científica internacional. No entanto, a falta de financiamentos e de promoção de carreiras científicas, tanto no setor público como privado, são os principais obstáculos, fazendo com que muitos investigadores partam para o estrangeiro.
REF: Como valoriza a interdisciplinaridade dos investigadores no CICS?
APD: Tal como já referi, o CICS-UBI é um centro multidisciplinar e tem sido uma estratégia nossa aproveitar esta mais-valia, fomentando, de várias formas, a interdisciplinaridade. Para resolver os grandes desafios da sociedade é fundamental que os cientistas de diferentes áreas estejam a trabalhar em conjunto numa solução para os complexos problemas da atualidade.
REF: Quais são as ambições do CICS para o futuro?
APD: São muitas as ambições que o CICS tem para o futuro, mas vou só enumerar algumas. É fundamental um aumento da internacionalização, um aumento da investigação de translação e, sobretudo, um aumento de financiamento. Assim, a nossa maior e mais imediata ambição é obter “Excelente” na avaliação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que está a decorrer neste momento.
Texto produzido por: Beatriz da Branca, FFULisboa