Quando, no ano passado, soube da existência de um Congresso Mundial de Estudantes de Farmácia, de imediato quis saber mais, mas por ser o meu primeiro ano na faculdade, considerei que seria precipitado aventurar-me e adiei a decisão para o ano seguinte.
Determinado em participar e disposto a ir até ao outro lado do mundo, visto que o congresso seria em Taipei (Taiwan), comecei o meu segundo ano com dois objetivos: manter-me aplicado nos estudos (convencer os pais não ia acontecer se não fizesse a minha parte) e tentar poupar alguma coisa (tudo o que pudesse pagar fruto do que conseguisse amealhar deixar-me-ia bem mais orgulhoso).
Quando contactei a APEF fiquei surpreendido com o apoio que me foi dado, em particular pela Raquel Oliveira, que se manteve sempre disponível para me ajudar em algumas questões mais pertinentes que tivesse. Foi também com este contacto que percebi que mesmo que fosse sozinho de Coimbra, como aconteceu, teria outros portugueses comigo e isso esvaneceu qualquer receio que ainda subsistisse.
Para além do congresso, em que já me tinha inscrito, soube que existia um programa de formação de futuros líderes e profissionais da área da Farmácia, o Leaders in Training, aberto para cinquenta estudantes e decidi inscrever-me posteriormente. Depois de no ano passado ter participado no ATP (o programa de formação de soft skills que a APEF dinamiza), experienciar o LIT era uma excelente oportunidade. Durante cinco dias tive a possibilidade de enriquecer, intensamente, a minha formação numa área que cada vez mais vejo como essencial no percurso académico de qualquer estudante de Ciências Farmacêuticas. Os trainings abrangeram vários temas, como a inteligência emocional, a gestão de tempo e sinto que me enriqueceram; deram-me mais confiança e capacitaram-me na tomada de decisões.
Relativamente ao congresso, digo-vos que foi uma experiência incrível. Durante onze dias participei em workshops de áreas tão diferentes como a fitoterapia, a medicina tradicional chinesa ou a farmacoepidemiologia; tive a oportunidade de passar mais do que um dia no Hospital Universitário de Taipei, contactando com várias realidades da Farmácia Hospitalar, e ainda pude visitar a TTY Biopharm, uma empresa focada no desenvolvimento de novas formulações e medicamentos que permitam melhorar a qualidade de vida de doentes oncológicos.
Quanto à experiência cultural, posso dizer-vos que é onde me sinto mais rico. Como concluí recentemente o 2º ano, receava não ter os conhecimentos científicos necessários, mas asseguro-vos que isso são preconceitos sem sentido. O que é preciso é ter vontade de ir mais longe e não recear o desconhecido. Fiz amizades que espero manter e ganhei uma alma nova, mais vocacionada a conhecer novas realidades e a vivê-las de mente aberta. Esta experiência despertou-me a vontade de fazer SEP ou Erasmus e de participar em mais atividades do género, sejam elas dinamizadas pela IPSF, pela EPSA, pela APEF ou pelo NEF/AAC.
Em suma, foram duas semanas, dezasseis horas a voar, grande vontade de conhecer novas culturas e de viver a IPSF pela primeira vez. Uns quantos mosquitos e bastante repelente, muito arroz e pouca fruta, tanto chá e tão poucas horas de sono! Almoços volantes e um calor abrasador. Uma noite de gala e muita classe. Um leilão bastante louco e um churrasco à beira rio. Uma noite taiwanesa e uma outra internacional; nove portugueses que adorei conhecer e 500 outros cidadãos do mundo que não esqueço. Tantas pessoas, nacionalidades e formas de pensar. Menos uns euros no bolso, mas tão mais rico por dentro… Para aqueles que possam ter algum receio em participar numa aventura do género, não tenham… só custa a primeira vez.
Rodrigo Dias Almeida
Estudante de Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra